03 novembro 2013

"O que é que estás aqui a fazer?" - parte 3

Isto aconteceu à duas semanas atrás mas só consegui escrever agora. 
Agora já são três ou quatro semanas...

Haviam umas plantas e um bocado de terra no meio do caminho encostadas a um murro, aproximei-me, escondi-me no meio das plantas e sentei-me a tentar controlar a minha respiração. No fundo da rua havia uma porta, uma entrada para uma casa e há sua frente estava um homem sentado num banco a conversar com a mulher que estava encostada na beira da porta, possivelmente era a entrada para a cozinha e tinha a luz acesa. O homem e a mulher conversavam e olhavam para os dois rapazes que estavam junto deles, eram pequenos, provavelmente os seus filhos, estavam a brincar com um triciclo e começaram a descer a rua lentamente. Quando começaram a passar por mim fiquei tensa e tentei fazer o menor barulho possível e até fiz sinal para que eles não me desvendassem, pois de qualquer maneira eles viram-me (de certeza que acharam estranho encontrar ali uma rapariga escondida. Mas porque razão?). Logo no instante seguinte, sem dar tempo para inspirar outro folgo de ar, saltou um rapaz à minha frente e assustei-me! Percebi que ele tinha trepado a vedação do muro do outro lado da rua, mesmo à minha frente e senti que aquela vedação era um dos limites da aldeia, como se ele tivesse vindo de fora, de longe, ou de outra zona qualquer, mas talvez não, de qualquer forma para além da vedação só conseguia ver o vulto de umas árvores.
Quando o vi fiquei ainda mais tensa, não queria que ele me visse por isso fiquei meio a tremer e a olhar para ele, a pensar no que ele ia fazer. Ele olhou em volta, deve ter visto algo que lhe pareceu estranho e olhou melhor, acabando por olhar para baixo ele viu o meu vulto e descobriu-me. Enquanto ele se inclinava e se sentava ao pé de mim eu pensei "shit". Ele agora estava também escondido no meio das plantas, do meu lado direito... era o André, um bom amigo.
Ele virou-se para mim, eu olhei para os seus olhos azuis que eu admirava profundamente e ele perguntou-me "O que é que estás aqui a fazer?". Eu ainda tinha a respiração e o pulsar do coração fortes, da corrida anterior, da adrenalina de toda a situação, ou muito provavelmente porque agora ele estava ali ao pé de mim. Fiquei confusa e perguntei-lhe "O que é que TU estás aqui a fazer?", ele respondeu "Eu vim ver-te. Queria ver-te.", depois disso houve uma pausa, senti o ombro dele a tocar no meu e ele voltou a falar "Mas... o que é que aconteceu? Porque é que estás aqui escondida?"

Continua...

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